A história do algodão colorido da Paraíba

A história do algodão colorido da Paraíba

Antes de falar sobre o algodão que já nasce colorido, é bom lembrar um pouco a história do algodão no Brasil. Quando os navegadores portugueses chegaram ao país, já existia por aqui o algodão de uma espécie selvagem. Sim, o algodão já era fiado e tecido pelos índios e usado basicamente para fabricar redes, algumas vestimentas e tochas. Somente a partir da colonização é que a produção têxtil foi expandida, sobretudo pela introdução do algodão trazido pelos portugueses originários do Oriente.

No início do século XIX, durante a Revolução Industrial, a Inglaterra tornou-se a maior potência na produção de tecidos de algodão. Isso foi possível com a mecanização da produção e o consequente aumento da produtividade, a cotonicultura foi incentivada nas Américas e, assim, o Brasil se tornou, via Portugal, um grande exportador de algodão.

Mas o Brasil realmente ganhou relevância nas exportações por causa da Guerra Civil nos Estados Unidos (1861-1865).  Com a discórdia entre os estados do norte e do sul, os índices de exportação nos EUA caíram. Como havia demanda, o Brasil passou a exportar mais.

Algodão colorido da Paraíba

O algodão colorido já estava disponível como espécie, mas os fios curtos e pouco resistentes não tinham potencial para a industrialização. Na Paraíba, em 1989, a Embrapa Algodão, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, passou a estudar formas de melhorar a pluma.

A Embrapa cruzou as espécies coloridas até chegar a um produto que possui resistência e comprimento da fibra adequados ao processo industrial. Como resultado, houve a retomada da cotonicultura na região do semi-árido no Nordeste, já desaparecida depois do bicudo-do-algodoeiro, praga que dizimou as plantações.

A história do algodão colorido da Paraíba

O algodão colorido desenvolvido pelo Embrapa economiza 87,5% de água comparada a produção de um tecido de algodão comum tingido. O Algodão colorido da Paraíba recebeu o selo de Indicação Geográfica em 2012. Foto: Charlotte Joly.

Atualmente, a fibra colorida possui valor de mercado de 30 a 50% superior às fibras de algodão branco normal. Se o algodão colorido for certificado como orgânico (como é o caso do algodão usado nos produtos do grupo Natural Cotton Color – NCC Ecobrands), seu valor de mercado ultrapassa 80% comparado ao algodão branco comum, graças a este diferencial que gera valor agregado.

O algodão colorido desenvolvido pelo Embrapa é considerado ecologicamente correto, pois elimina o processo de tingimento, um dos mais poluentes da indústria têxtil economizando, assim, 87,5% de água no processo de industrialização.

O diferencial tecnológico da Embrapa Algodão e o melhoramento genético culminou no reconhecimento do estado da Paraíba com o selo de Indicação Geográfica (IG) como produtor de algodão pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2012.

As roupas feitas de algodão são sempre recomendadas às pessoas que têm alergia a tecidos sintéticos. As roupas feitas de algodão colorido podem ser usadas também por pessoas alérgicas a corantes, já que sua coloração é natural, a pluma já nasce colorida. Em tempos de crises ambientais o algodão colorido gera menos impacto porque pode ser plantado em regiões mais secas.

A história do algodão colorido da Paraíba


A Embrapa fez pesquisas até conseguir uma fibra adequada ao processo industrial. Foto: Paulo Rossi.

Fonte:  Tecidos: Histórias, Tramas, Tipos e Usos. Dinah Bueno Pezzolo, Editora Senac, 2ª edição.

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2 Comments on “A história do algodão colorido da Paraíba

  1. Boa noite, Meu nome é Orivald, sou de Santa Catarina, por muitos anos tenho acompanhado o desenvolvimento do algodão colorido orgânico. quero parabenizar a Embrapa e nas pessoas e empresas que acreditaram nesta maravilha criada pelo homem e abençoada por Deus.

  2. Olá Orivald, muito obrigada por seu comentário e apoio ao nosso trabalho.
    Viva a Embrapa!
    Abraço
    Francisca Vieira – CEO Natural Cotton Color

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