BEFW 2018 Algodão orgânico para todos: malha, moletom, tecidos planos e jacquard

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A Natural Cotton Color e o algodão colorido orgânico da Paraíba entraram na line up da moda limpa e ecológica produzida no Brasil. O desfile da marca foi realizado durante a segunda edição do Brasil Eco Fashion Week – semana de moda sustentável que aconteceu de 15 a 17 de novembro no Unibes Cultural na rua Oscar Freire, em São Paulo.  

A proposta do evento é apresentar inovações aliadas à sustentabilidade e destacar com exposições, palestras e workshops como elas podem trazer novas soluções para a moda que hoje lidera o ranking das indústrias mais poluidoras do mundo.  

“O desfile na Natural Cotton Color não apresentou apenas roupas, mas a cadeia produtiva do algodão colorido orgânico da Paraíba produzido na região do semiárido em sistema de agricultura familiar. Também apresentou novos tecidos. Além da malha e moletons já conhecida no mercado, apresentou criações com tecidos planos e com o jacquard de algodão com poliamida biodegradável. “Este novo tecido reduz o tempo de decomposição de 30 anos para três anos”, explicou a Francisca Vieira, CEO da marca.

Vale ressaltar que, um mês antes do desfile, em outubro, Francisca Vieira, da Natural Cotton Color, representou o Arranjo Produtivo do Algodão Colorido Orgânico da Paraíba – um dos temas do painel sobre Sustentabilidade e Clima da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.

moletom com detalhe em renda renascenca

Moletom cm renda renascença. Fotos: Agência Fotosite.

Inspirações para o desfile: a inovação no artesanato 

A Natural Cotton Color apresentou 30 looks desenvolvidos por Francisca Vieira e Rafael Lemos, designer e stylist que prestou consultoria com apoio do Senai-PB.  

A coleção é sobre o uso dos saberes tradicionais e as inovações das técnicas artesanais na moda atual. Na primeira parte a ênfase é para o trabalho manual que une com criatividade elementos da cultura local, mas ressalta-se a renda renascença feita de forma mais ágil pelas artesãs. Os pontos são feitos diretamente sobre o tecido ou se tornam aviamentos e entremeios nos tecidos, eliminando o lacê. A técnica criada por Francisca foi denominada “renda encrustrada” —  diminuendo o tempo de produção da renda renascence de 10 para três dias. 

Outra inovação no jeito de fazer artesanato é a presença do mamucabo (cintas que sustentam redes de dormir) substituindo o lacê (fitas de algodão) das rendas renascença. Há também rendas e crochê em diálogo com tecidos tecnológicos como o jacquard de algodão colorido com poliamida biodegradável. 

A coleção teve apoio da Círculo que, além de oferecer as linhas para as rendas e crochê, promoveu workshop com as artesãs da Renasci – Associação das Rendeiras do Cariri Paraibano fomentando o arranjo produtivo do artesanato. 

renda renascença diretamente no tecido

Técnicas de renda renascença aplicada diretamente nos tecidos. Na terceira foto o vestido é de mamucabo (tiras usados em redes de dormir) e entrelaçado por renda renascença. Fotos: Agência Fotosite

 

organic cotton with biodegradable polyamide

Jacquard de algodão colorido orgânico com poliamida biodegradável. Fotos: Agência Fotosite.

O desfile fluiu com o ritmo de “Massa”, dos baianos Raimundo Sodré e Jorge Portugal. A canção de maior sucesso no Brasil no ano de 1980 fala sobre a opressão e a pobreza no país e que incita a sair da letargia. Há David Bowie e a canção Heroes, para indicar como temos poder através de escolhas de consumo e de influenciar políticas públicas com o voto. Money, da banda Pink Floyd, para lembrar que estamos equivocados com o consumo desenfreado como expressão de poder. E finaliza com Under Pressure para alertar que a indústria fast fashion transformou a moda na segunda indústria mais poluidora do mundo. 

Para Francisca, as músicas ajudam a refletir sobre produção e consumo da moda sustentável. “Ainda que seja uma moda produzida de forma lenta, trata-se da única saída para salvar a indústria da moda”, diz.  

Veja todas as fotos do desfile neste link

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