BEFW 2019 Inovação têxtil: Denim de algodão orgânico e sem tingimento
A Natural Cotton Color participou da Brasil Eco Fashion Week com o lançamento do Denim de algodão colorido orgânico para o mercado brasileiro. Lançado com êxito na Première Vision Paris em setembro de 2019, foi apresentado na semana de moda sustentável realizada de 16 a 18 de novembro na Unibes Cultural, em São Paulo.
O Denim sustentável foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia Têxtil do SENAI Paraíba a partir da demanda da Natural Cotton Color.
A invenção do Denim da Natural Cotton Color diz respeito ao fio de algodão colorido 100% orgânico aplicado no urdimento de tecido plano tipo sarja. Ou seja, um Denim colorido, mas sem uso de tingimento químico, vegetal ou mineral.
Por se tratar de produto inédito, a patente foi requerida ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) e o processo está em estágio de Patente Pendente.
Inspirações para o desfile: moda sustentável elegante com alfaiataria
A Natural Cotton Color apresentou 30 looks criados por Francisca e Rafael Lemos, designer e stylist que prestou consultoria com apoio do Senai-PB. A produção alcançou nesta coleção uma das metas da marca: propor mais peças em alfaitaria — técnica de modelagem com costura diferenciada com cortes mais reto e ajustado.
Desta forma, surgiram peças estruturadas que transitaram com outras de maior fluidez como a saia evasê feita de tecido produzido em tear manual.
Há uma intervenção nesta coleção que merece destaque: os recortes à laser. “O tecido de algodão com poliamida biodegradável vem permitindo inovações que também dialogam com detalhes artesanais que estão no DNA da Natural Cotton Color”, diz Francisca.
Outro destaque também do processo produtivo é para o trabalho de design para melhor produtividade no artesanato e maior rentabilidade das artesãs da cadeia produtiva.
Nesta coleção, a renda foi definitivamente incorporada com a nova técnica de “renda incrustrada” desenvolvida por Francisca Vieira e realizada pela Renasci – Associação das Rendeiras do Cariri Paraibano.
A trilha sonora escolhida tem início com a Varsovienne – cantada em coro pelo Exército Vermelho — para falar dos direitos do trabalho e do trabalhador. A música A Cidade, do pernambucano Chico Science denuncia “onde os ricos ficam mais ricos e pobre cada vez mais pobre”. Amused to Death, de Roger Waters, para abordar “a morte do humano” que se informa somente pela TV. Ao tocar Folia de Príncipe, do paraibano Chico César, a canção dá voz ao cidadão nordestino que não quer esmola, mas trabalho digno e justiça social: “Mas doutor uma esmola / a um homem que é são / ou lhe mata de vergonha / ou vicia o cidadão”.
Ao final, teve Disparada dos paraibanos Geraldo Vandré e Théo de Barros, na voz de Jair Rodrigues. Uma trilha sonora que é uma narrativa para reforçar a cultura do algodão ecológico e sua força para gerar trabalho e sustentabilidade, dando autonomia para o homem do campo que não precisa migrar e é dono do seu próprio destino: “Agora sou cavaleiro. Laço firme, braço forte. Num reino que não tem rei”, encerra a canção.
Veja todos as fotos do desfile neste link.