Algodão colorido da Paraíba está no Fórum da OMC, em Genebra

Francisca Vieira, CEO da Natural Cotton Color – moda sustentável — aceitou o convite para participar do Fórum Público na sede da Organização Mundial do Comércio – OMC – agência da Organização das Nações Unidas – ONU que será realizado de 2 a 4 de outubro, em Genebra, na Suíça.

Em 2018, o tema é “Comércio 2030” com subtemas para debates e proposições sobre o comércio sustentável, o comércio habilitado pela tecnologia e um sistema comercial mais inclusivo.

Francisca Vieira CEO Natural Cotton ColorReconhecida como articuladora do cultivo do algodão colorido orgânico da Paraíba, encabeçando a expansão da matéria-prima por meio da moda, Francisca vai apresentar o case da Natural Cotton Color no painel “Comércio e mudanças climáticas: podemos criar uma estrutura de apoio mútuo?” organizado pela Delegação Permanente da França e do Canadá na OMC. Sua tarefa é contribuir com o debate sobre o comércio sustentável no futuro.

Organização Mundial do Comércio Fórum Público 2018

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Desafios do Desenvolvimento Sustentável

Como membro do Comitê Gestor do Arranjo Produtivo Local de Confecções e Artefatos de Algodão Colorido do Estado da Paraíba, Francisca deverá expor como a cadeia produtiva do Algodão Colorido Orgânico da Paraíba está alinhada às propostas da Agenda 2030 da ONU — os chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS com destaque para as temáticas erradicação da pobreza (ODS1), segurança alimentar e a agricultura sustentável (ODS2), igualdade de gênero com a participação plena das mulheres (ODS 5), fomento do trabalho em associação e crescimento econômico inclusivo (ODS 8), entre outras.

sustentabilidade do algodão colorido no Fórum Público OMC

O algodão colorido orgânico da Paraíba é produzido na região do semiárido, no assentamento Margarina Maria Alves, em Juarez Távora-PB. O cultivo não irrigado é realizado em sistema de agricultura familiar. “Hoje o pequeno produtor ganha cerca de três vezes mais pelo quilo da pluma de algodão colorido orgânico certificado se comparado ao preço pago pelo mercado no algodão comum, branco”, explica Francisca.

Como o algodão já nasce colorido, a Natural Cotton Color produz moda com matéria-prima que gera economia de 87,5% água — se comparada a confecção de roupas tingidas pela indústria. Também se destaca no mercado pela inserção de detalhes feitos à mão no design das peças, ajudando a manter vivo o artesanato tradicional – patrimônio cultural da região e executado por associação de mulheres artesãs.

Comércio sustentável e mercados globais

De acordo com a CEO, a expectativa da participação no evento é debater sobre oportunidades de negócios dentro de um parâmetro de desigualdade quando se trata de comércio de produtos entre países pobres e ricos. E também aprender. Uma das questões importantes é como alcançar os mercados globais diante das exigências no cumprimento dos objetivos ODS e da redução de carbono e eficiência energética que todos os países signatários devem cumprir?

É fato que EUA, China e Estados-Membros da UE estão investindo e implementando políticas climáticas na esteira do Acordo de Paris (em 2015, 195 países se comprometeram em reduzir emissões de gases de efeito estufa para diminuir a temperatura da terra). E, como é certo que o comércio é via de mão dupla, estes países vão exigir o mesmo nas trocas comerciais. No entanto, nosso Brasil ainda está longe de atingir as metas com as quais se comprometeu no âmbito da agência 2030 da ONU.

“Com a extinção de programas sociais e de transferência de renda e com a aprovação, em 2016, da Emenda Constitucional 95 – que limita o aumento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos – haverá problemas com a erradicação da pobreza. Imagina, então, a dificuldade para a produção e certificação do algodão colorido orgânico?”, prevê a CEO da Natural Cotton Color.

países que ratificaram a Agenda 2030

O mercado está cada vez mais exigente com questões de práticas de sustentabilidade na produção. No caso do algodão colorido, sem o selo que certifica que o produto é orgânico, é impossível produzir moda sustentável e alcançar um preço justo para o agricultor e para a empresa.

Até agora, os agricultores tiveram acesso à transferência de conhecimento por meio da instituição pública Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, que desenvolveu a semente e apoia a produção do algodão colorido na Associação dos Assentados Margarida Maria Alves, em Juarez Távora, na Paraíba, onde os agricultores plantam mediante contrato de compra garantida. Desde que começaram a plantar o algodão para o grupo de empresas, os agricultores têm tido força econômica para garantir a certificação com apoio de instituições como o Serviço Brasileira de Apoio à Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. No entanto, sempre há risco de cadeia sucumbir caso estes incentivos sejam interrompidos por conta da instabilidade econômica e jurídica do país.

As inovações tecnológicas e as políticas de mudanças climáticas nos países e o compromisso com o desenvolvimento sustentável podem aumentar a competitividade, mas é importante garantir o comércio sustentável diante das diferenças de custos do trabalho e de energia entre os países ricos e pobres. “É preciso mais apoio direcionado para a transição para uma economia de baixo carbono. Se não houver estabilidade e apoio como será nossa cadeia produtiva de algodão colorido? Estamos atrás destas respostas na OMC”, conclui Francisca.

Sobre o Fórum Público OMC “Trade 2018”

O Fórum Público é o maior evento anual de divulgação da OMC, agência da ONU com cerca 1500 participantes. Trata-se de uma plataforma onde chefes de estado, parlamentares, empresários globais, estudantes, acadêmicos e organizações não-governamentais se reúnem para refletir sobre questões da OMC e sobre o comércio e desenvolvimento.

Sobre o painel com a participação da Natural Cotton Color

Forum Público 2018 na OMC tema Comércio 2030

Tema:
Comércio e mudanças climáticas: podemos criar uma estrutura de apoio mútuo?

As mudanças climáticas podem afetar a competitividade econômica. O seminário organizado por França, Canadá e a Câmara Internacional de Comércio têm como objetivo incentivar a reflexão e discutir os impactos da mudança do clima para os países em desenvolvimento e a potencial contribuição do comércio na luta contra a mudança climática.

Painelistas:

  • Jean-Baptiste Lemoyne, Ministro de Estado adjunto do Ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros, França
  • Claire Tutenuit, Delegada Geral, Empresas pelo Meio Ambiente
  • Scott Vaughan, Presidente do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável
  • Marc Vanheukelen, embaixador, representante permanente da União Europeia junto à Organização do Comércio (OMC)
  • Francisca Vieira, CEO – Natural Cotton Color

Moderador:

  • Nikolaus Schultze, diretor de política global da Câmara Internacional de Comércio (ICC)

 

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